Bullying é um tema recorrente no dia a dia dos profissionais da educação e da saúde. A importância do assunto está evidente pelo noticiário, que frequentemente apresenta tragédias resultantes de maus-tratos entre colegas na escola. Uma simples conversa com estudantes sobre situações cotidianas já pode mostrar a relevância do assunto.
O que é bullying?
As diversas definições do tema têm em comum a indicação de que o bullying é uma intimidação sistemática, caracterizada por: atos de violência física, verbal ou psicológica; intencionalidade de ferir, magoar; repetição e assimetria de poder entre os agressores e as vítimas.
Quais as formas mais freqüentes de bullying?
Entre os meninos, o mais comum são as intimidações físicas e verbais, desmoralizações de todo tipo e até a efetivação da violência com agressão física.
Entre as meninas, o mais comum é a agressão social, o bullying indireto; que se caracteriza por forçar a vítima ao isolamento social através de comentários espalhados entre os colegas, a recusa em se socializar com aquela colega específica, intimidação de outras colegas que queiram socializar-se com a vítima, ridicularização recorrente do modo de vestir, da etnia, religião, dificuldades ou incapacidades.
Os ataques de bullying podem ocorrer também no espaço virtual. Ao propiciar o anonimato do agressor, a Internet acaba por vezes incentivando a uma maior desinibição de conduta e ao desrespeito à ética, tornando-se cenário de insultos, campanhas vexatórias, vazamento de imagens constrangedoras e outras práticas planejadas por um ou mais indivíduos com a intenção de atingir negativamente o outro.
Segundo pesquisa do IBGE, 31% dos adolescentes já foram vítimas de bullying no Brasil. Em cerca de 20% dos casos, o praticante de bullying também é vítima.
Como identificar e atuar no caso de bullying?
Nas situações de bullying há ao menos três papéis desempenhados: o de agressor, o de vítima e o de plateia, e nas três situações a integração entre família e escola tem um papel decisivo, pois é importante que todos sejam encorajados a participarem ativamente da supervisão dos atos de bullying para que o agressor perceba que não tem o apoio do grupo.
No ambiente escolar é importante que o tema seja abordado nas aulas e os professores e demais profissionais sejam orientados no sentido de detectar situações e agir prontamente. Também é necessário investir em uma relação saudável e construtiva com os alunos, facilitando as situações de denúncia, por meio de uma escuta sensível. Em um estudo, 41,6% dos que admitiram serem alvos de agressores relataram não ter solicitado ajuda aos colegas, professores ou família.
Como a escola e a família podem agir?
É importante que, do ponto de vista institucional, a escola tenha limites muito claros e ações muito assertivas no combate ao bullying, caracterizando uma política para o tema. O agressor deve ter certeza que não passará impune. A certeza de impunidade entre os alunos autores de bullying foi confirmada em um estudo em que 51,8% dos agressores afirmaram que nunca receberam nenhum tipo de orientação ou advertência por seus atos.
A família é outro pilar essencial na construção de mecanismos de defesa contra bullying. Estabelecer um canal aberto com nossos filhos é de suma importância. Escutar fatos da sua rotina escolar, estimular e até mesmo encorajá-los a falar de suas vivências, inclusive as situações desconfortáveis passadas por eles ou por colegas é uma dica valiosa que precisa ser exercitada a cada dia.
Como a sociedade de uma maneira ampla pode contribuir para que essa prática deixe de existir?
A violência é um comportamento que pode ser assimilado e a fonte primária de um aprendizado precoce é o ambiente familiar. Quando a família e o ambiente social ensinam à criança formas não agressivas de lidar com conflitos, onde há cooperação e uma resolução efetiva de problemas, ela vai procurar transferir estas práticas para seu convívio social mais amplo. Quando, ao contrário, “o ambiente em que vive ensina-lhe a resolver conflitos através da agressão e da coerção, ela aprende que o uso do poder é a melhor forma de resolver seus problemas.” (Newman, Horne e Bartolomucci, 2000).
Referências bibliográficas
HOOVER, J.H. & OLIVER, R.L. The Bullying Prevention Handbook – A guide for principals, teachers and counselors. 2ª ed. Solution Tree Press, 2008.
SMITH, P.K & MYRON-WILSON, R. Parenting and School Bullying. Clinical Child Psychology and Psychiatry 1359-1045. 1998.
SWEARER, S.M.; ESPELAGE, D.L.; NAPOLITANO, S.A. Bullying Prevention & Intervention – Realistic Strategies for Schools. The Guilford Press, NY. 2009.